Como em tudo na vida o mais difícil é começar. Cheguei aos meus vinte e poucos anos sem grandes pensamentos acerca do que eram a proteção ambiental e as alterações climáticas, tudo na minha vida estava centrado em mim e nos meus objetivos pessoais ou profissionais. Fazia reciclagem, um hábito sempre incutido cá por casa, mas era algo que fazia de forma automática, não consciente. Desde pequena que adorava ver os programas sobre a vida selvagem na BBC mas nos consumistas anos 90 o ambiente que nos rodeava e o seu estado ainda não era tema pertinente.
Uma grande reviravolta na vida, fez-me mudar de cidade. Sempre acreditei na mudança, na sua positividade, naquilo que traz ao mundo! Foi o click, fácil como uma escadinha sem inclinação nenhuma, em que um degrau era subido quase não se tendo perceção da sua subida.
Hoje em dia os objetivos de proteção ambiental fazem parte das minhas escolhas de todos os dias, estão naturalmente presentes, e posso, orgulhosamente, dizer que nunca tive de prescindir de coisa alguma. O meu objetivo com a Fotossíntese é divulgar em cada rubrica uma alternativa sustentável a todos os nossos gestos e tarefas diárias (sim, aqueles que fazemos sem pensar), irei dar simples ideias ou sugestões, apresentar produtos alternativos e uma ou duas desconstruções de preconceitos (nada de lavagens cerebrais, prometo!).
Acredito que toda e qualquer pessoa tem essa capacidade inata, muitas vezes adormecida pela panóplia de publicidade e apelo ao consumo promovido pela indústria louca e sedenta, de proteger aquilo que é seu. E o ambiente que nos rodeia é nosso, tão nosso que o respiramos e tocamos constantemente.
As contas são simples, dados da ONU, revelam que até 2050 o nosso planeta (sozinho!) vai alimentar, vestir e dar abrigo a 9,7 bilhões de pessoas (uau!). As cidades são responsáveis por 60% a 80% da emissão de gases de estufa, 75% do consumo dos recursos naturais e 50% do lixo produzido em todo o planeta!
Em Portugal, a Quercus afirmou que são consumidas por ano 721 milhões de garrafas de plástico e 1 bilião de palhinhas de plástico! Nós, um país à beira mal plantado, damos-nos ao luxo de consumir 1 bilião de palhinhas por ano, que utilizamos cerca de 3 minutos e que perduram nos nossos oceanos centenas de anos. Portanto, não se admirem de encontrar quando abrirem a bela da dourada grelhada um canudo cor de rosa ou lilás, sobrevivente de um cocktail qualquer.
A questão é: se continuarmos neste ritmo teremos, sim, de abdicar de muita coisa; incluídos estão os peixes no mar e os passeios no campo, ao que me parece que a maior parte dos portugueses não quer, de todo, renunciar. Parece-me, portanto, muito muito mais fácil abdicar de simples quatro palhinhas por mês ou dois pares de sapatos por ano, certo?
Deixo-vos com alguns aperitivos que podem desfrutar antes da próxima rubrica do fotossíntese para que tomem o gosto pela vida sustentável!
Para que todos possamos ajudar as plantas na sua fotossíntese, transformando algum do nosso dióxido de carbono em oxigénio, sem trabalho nenhum!
Sofia Ramalho