Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica) (VU – Vulnerável)
A salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica) possui um corpo delgado e uma longa cauda, que corresponde a cerca de 2/3 do seu comprimento total. Ao longo do dorso possui duas bandas de um belo dourado ou vermelho-cobre, que se prolongam sobre a cauda numa única banda da mesma cor. O ventre apresenta uma coloração cinzenta escura com pequenos pontos brancos. Tem uma cabeça pequena e achatada, com olhos grandes e proeminentes colocados em posição lateral. Os membros anteriores e posteriores, com quatro e cinco dedos respectivamente, são muito curtos e delgados. O comprimento total pode variar entre 120-150 mm, sendo que as fêmeas são geralmente maiores do que os machos. Os adultos podem pesar em média 2,0 g e uma fêmea com ovos pode atingir os 3,3 g.
É endémica da Península Ibérica, com distribuição restrita às regiões montanhosas do noroeste da Península, que compreende a parte ocidental das Astúrias, Galiza e Noroeste de Portugal. Em Portugal, a espécie apresenta como limite a sul o rio Tejo, a este, a Serra da Estrela, e centro/oeste, as serras do Buçaco e da Lousã.
É uma espécie caracterizada pela ausência de pulmões funcionais, pelo que necessita de habitats com elevada humidade relativa, podendo ser encontrada em ribeiros de montanha, com águas bem oxigenadas, charcos e tanques próximos de ribeiros, ou minas de água.
A alimentação dos adultos é constituída por insectos, aracnídeos e moluscos de pequenas dimensões. As larvas alimentam-se essencialmente de pequenos insectos aquáticos, moluscos e crustáceos.
Reproduz-se de Março a Novembro, acasalando em terra (ou em águas pouco profundas) após um complexo ritual de cortejamento. Cada fêmea deposita cerca de 15 ovos em pequenas cavidades nas margens de ribeiros, debaixo de pedras submersas ou em minas. A Eclosão ocorre após 6 a 9 semanas e as larvas podem demorar até 2 anos para terminar a metamorfose, buscando abrigo em tanques ou charcos associados a linhas de água ou em remansos dos ribeiros. A idade máxima conhecida desta espécie é de 8 anos de vida terrestre mais um ou dois de vida larvar.
O estatuto de conservação da salamandra-lusitânica é vulnerável na Península Ibérica. As ameaças mais importantes a esta espécie são a poluição dos cursos de água por efluentes industriais, domésticos e agrícolas; a canalização e desvio de pequenas linhas de água para a rega; a destruição dos habitats circundantes dos rios e ribeiros, em particular a vegetação ribeirinha; a destruição de locais de reprodução, como minas e fontes subterrâneas; agricultura intensiva e substituição das florestas caducifólias por plantações de eucaliptos; e a urbanização desordenada. Sendo uma espécie com uma capacidade de dispersão limitada, os incêndios representam uma ameaça adicional.
Curiosidades:
• A Salamandra-lusitânica é o mais rápido e ágil urodelo português que faz autotomia da cauda. quer isto dizer que ao sentir-se ameaçada por um predador, pode libertar a cauda, ficando esta a mover-se para desviar a atenção do predador.
• Como mecanismo para captura das presas, possui uma língua pedunculada que é meticulosamente projectada na direcção do alimento.
• É uma espécie de hábitos nocturnos, no entanto pode apresentar actividade diurna e crepuscular em dias nublados ou chuvosos. A salamandra-lusitânica suspende a actividade durante o Verão, devido às elevadas temperaturas e baixa humidade do ar, e durante os meses de Inverno, devido às baixas temperaturas.
Para uma consulta de informação mais detalhada sobre a espécie, recomendam-se as seguintes ligações:
Luís Santos