Lince Ibérico (Lynx pardinus) (EN – Em Perigo)
Lince Ibérico é um felino endémico em Portugal e Espanha. De porte médio, como as restantes espécies do género Lynx, o Lince Ibérico é, no entanto, ligeiramente mais pequeno que o lince Euroasiático, tendo em média um comprimento compreendido entre os 85cm e 1,10m e uma altura (ombro) entre os 60 e 70cm. Em concordância, o seu peso médio situa-se entre os 10 e os 13kg. A sua coloração pode variar de indivíduo para indivíduo, assim como os padrões da sua pelagem, mas normalmente apresentam tons pardacentos com mesclas de amarelos, castanhos e cinzentos. Possui ainda uma cauda curta, característica do género Lynx, orelhas com terminação em pincel e um colar em redor do pescoço que se alonga em “barbas”, características da espécie.
O Lince Ibérico alimenta-se principalmente de coelho-bravo (ou coelho Europeu, Oryctolagus cuniculus), na caça do qual se especializou, mas sabe-se que pode capturar e consumir outras espécies como a lebre ibérica (Lepus granatensis), pequenas aves, roedores e até crias de ungulados, como o javali (Sus scrofa) ou de cervídeos como o gamo (Dama dama) ou a corça (Capreolos capreolos).
Considerada como ameaçada desde 1986 pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), e como criticamente ameaçada entre 2002 e 2015, a espécie teve o pico do seu declínio em 2005, altura em que se estima que não existissem em estado selvagem mais de 100 indivíduos desta espécie. A tendência foi recentemente invertida, devido ao programa de reprodução ex-situ, iniciado em Espanha em 2002 e a que Portugal aderiu em 2009 com a construção do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, o único em território nacional de uma rede de 5 centros que constituem o programa e que têm, na última década, reforçado com dezenas de linces as populações selvagens de Doñana e Andújar-Sierra Morena.
Devido a um esforço de conservação que tem combinado reintroduções regulares, recuperação do bosque mediterrânico, habitat de eleição do lince Ibérico, recuperação das populações de coelho e sensibilização dos habitantes que partilham vizinhança com este animal único, estima-se que hoje, existam mais de 400 linces Ibéricos em liberdade, evolução que valeu a passagem de criticamente ameaçado de extinção para “apenas” ameaçado de extinção, pela IUCN, em 2015. Em Portugal, no Parque Natural do vale do Guadiana existe já uma pequena população com cerca de uma dúzia de linces com territórios estabelecidos. Esta é a primeira população residente em território nacional desde a sua extinção no início da década de 1990.
A espécie está, no entanto, longe de estar a salvo. Entre as ameaças contam-se a pouca variabilidade genética, a inconstante abundância das populações de coelho, a sua principal presa, a destruição do seu habitat natural devido à urbanização crescente e aos fogos florestais, os atropelamentos (só em Espanha entre 2013 e 2014 foram 35), armadilhagem e envenenamento ilegais para coelhos e raposas, e a expansão do uso de monoculturas intensivas que descaracterizam o bosque mediterrânico e que condicionam o desenvolvimento de populações quer de coelho, quer de lince.
Abaixo ficam alguns links de instituições de referência com informação sobre esta espécie única, nossa (endémica de Portugal), e que é ainda, infelizmente, a espécie de felino mais ameaçada do mundo.
Nuno Soares