Em cada dia volvido,
em cada beijo trocado
Em cada gesto escondido,
em cada abraço apertado,
Há um sentimento fervido,
em lume brando e salgado.
Em cada boca sorrindo
à luz da pele que desnuda,
Em cada ânsia pedindo
a emoção que não muda,
Há sentimentos florindo
há uma saudade sisuda.
Em cada mão que se abriga
numa outra mão solitária,
Em cada lábio que instiga
a insensatez voluntária.
Há calafrios na barriga,
tremores de fome incendiária,
E simulacros de briga
e disfunção coronária.
Há nevoeiros de medo
e brumas de tempestade,
Há palavras em segredo
que se escrevem pela cidade.
Há recantos proibidos
e moradas vigiadas,
E olhares que são seguidos,
e palavras amarradas.
Há o querer-te, e querer demais,
e perder-te a cada dia.
E encontrar-te nos sinais,
nas migalhas de alegria.
Há silêncio e espera e nada.
Olhos baços, choro e dor.
Desespero e madrugada,
Entre os dias deste amor.
Roberto Leandro