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Crítica – IT (2017) - Andy Muschietti


It não é um filme de terror. Embora tenha uma boa dose de jump scares e imagens medonhas, ostenta orgulhosamente uma bandeira bordada à mão por sucessos juvenis como Goonies, Stand By Me e, mais pertinentemente, a série da Netflix Stranger Things. Se gostas da ambiência aflitiva e espírito aventureiro dos supramencionados, It é o filme para ti.


A mais recente adaptação do livro clássico de Stephen King, narra a história de um grupo de adolescentes nos anos 80 que começa a ser assombrado por um palhaço. Se este último funciona ou não fica ao critério de cada um.


Da perspectiva de alguém que não leu a obra ou viu a mini-série de 1990, este foi um filme com componentes estéticas, sonoras e narrativas muito bem estruturadas. A fotografia de Chung-hoon Chung (Oldboy – Velho Amigo) brinca entre o ar de filme indie actual (focos/desfocos em jovens bonitos, florestas ao sol de agosto) e o tributo aos clássicos de décadas passadas (dutch angles quando o terror se aproxima, tilts, slow-motions). O espectáculo só se torna esquizofrénico quando o CGI excede as suas capacidades e gera imagens que são, muitas vezes, de qualidade reduzida. O som não é o mais espectacular ou detalhado dentro do género, mas, maioritariamente funciona: se é preciso fazer o público assustar-se, logo surgem uns violinos ameaçadoramente agudos e uns berros guturais. Toca a saltar da cadeira. Se jump scares funcionam ou não fica ao critério de cada um.


A história não tem surpresas, mas está polvilhada de floreados (um tanto ou quanto exagerados) que visam aprofundar cada uma das personagens. Se isto funciona para gerar empatia por cada uma delas e dotar cada um dos talentosos atores com espaço de manobra para criarem personalidades divertidas, também afunda qualquer pretensão de ter a personagem de Jaeden Lieberher, Bill Denbrough, como protagonista. Tudo é secundário: as personagens são rapidamente estereotipadas e atribuídas um passado. Se este tipo de complexidade funciona ou não fica ao critério de cada um.


E o palhaço. A campanha de marketing foi toda baseada na imagem de Bill Skarsgård cheio de maquilhagem e olhos amarelos. Contando com a fama do Pennywise original, interpretado por Tim Curry, os produtores apostaram forte no regresso do ícone da cultura pop: 27 anos depois da mini-série. O realizador Andy Muschietti, que anteriormente tinha erguido Mama de curta a longa-metragem, confere ao palhaço uma aura negra que funciona, sem aterrorizar. De quando em vez é impossível não soltar uma gargalhada com alguns dos seus movimentos bizarros, e isso retira-lhe alguma da tensão.


Muito dependerá do critério de cada um. As crianças fartam-se de dizer obscenidades, há cenas de tortura, litros e litros de sangue, abordam-se vários tópicos tabu… Mas no fundo é tudo uma aventura. No fundo, It é um filme desenvergonhado, desembaraçado e descomplexado. Sabe aquilo que é e não altera a fórmula. Tem o condão de ter vários talentos à frente e atrás das câmaras que o permitem ascender a um patamar superior à média. Se é o suficiente para se pagar o preço do bilhete? Fica ao critério de cada um.


Classificação:

Diogo Simão


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