Leôncio e Lena é uma adaptação do encenador Algarvio João de Brito da sátira de mesmo nome criada pelo Alemão Georg Bückner em 1836. Infusa em humor e agudo espírito crítico esta peça é transportada para o quotidiano Algarvio, mas numa realidade diferente. Ali, em palco, existem neste Algarve, dois reinos: o pequeno Reino do Sotavento e o pequeno Reino do Barlavento.
Por conveniência, e para firmar a sua aliança, os reis de ambos os Reinos decidem anunciar o casamento de seus filhos, o príncipe Leôncio do Barlavento e a princesa Lena do Sotavento. Estes, no entanto, têm outros planos.
Boémio e ligeiro, astuto e inconformado, Leôncio não se conforma com tal ideia de seu pai. Ele, casar com alguém que não conhece? Com uma princesa, dizem… E se tal honra esconder um camafeu? Não, não para Leôncio que tanto tem para descobrir nesta vida, tanto para viver, tanto para experimentar. Não. Não o fará. E assim, decidido a não aceitar o destino que lhe querem traçar parte com o seu companheiro de folia/divagações filosóficas, Valério, para Lisboa em busca dos grandes mistérios da vida e dessa liberdade que lhe é indispensável.
E a princesa Lena? A doce princesa Lena acredita no amor verdadeiro, acredita que deve encontrar um homem de quem realmente goste e que realmente goste de si, pelo que ela é e não pelo seu título. E isso alguma vez poderá ser alcançado com um casamento arranjado? Jamais! Não deixará que outros decidam a quem entregar o seu coração. Assim, com a ajuda de uma fiel aia, foge na calada da noite para Lisboa, procurando liberdade e o amor verdadeiro.
Depois de uma épica e divertida viagem, de ambos os pares, do Algarve para Lisboa, Leôncio e Lena, como que por acaso, conhecem-se e apaixonam-se à beira Tejo e casam sem conhecer a verdadeira identidade um do outro, algo que só é revelado após a cerimónia, já no Algarve.
A simplicidade da peça, e a criatividade com que a trupe de 3 actores (André Nunes, Carlos Malvarez e Joana Ribeiro Santos) interpretam e dinamizam as várias cenas (em que cada um veste várias peles), delicia a plateia. O humor e a boa disposição são constantes numa peça muito viva, muito interactiva (quer entre actores e público, quer entre actores), em que até o encenador entra a meio para representar, que entretém e diverte quem vê.
É de salientar o excelente trabalho de interpretação realizado pelo elenco, numa peça em que as expressões e a componente física têm muito peso, e o fantástico trabalho de multimédia que permite, de uma maneira fluída, ligeira e divertida, fazer contracenar os actores em palco com vídeos de si próprios, num conjunto de momentos de formato pouco comum, em teatro, mas ainda assim muito bem conseguido por esta equipa.
Leôncio e Lena está a correr o Algarve de Janeiro a Março e acabará a digressão em Lisboa, já na primavera. O preço dos bilhetes para esta peça é de 5€.
Um trabalho de excelência.
Nuno Soares
P.S.: deixo-vos, abaixo, o calendário da digressão:
Janeiro
14 – Cine-Teatro Louletano (Loulé)
21 – Cineteatro António Pinheiro (Tavira)
28 – Tempo – Teatro Municipal de Portimão (Portimão)
Fevereiro
2 – Centro Cultural António Aleixo (Vila Real Santo António)
4- Auditório Municipal de Olhão (Olhão)
10 – Auditório Municipal de Albufeira (Albufeira)
17 – Auditório Municipal De Lagoa (Lagoa)
25– Centro Cultural de Lagos (Lagos)
Março
2,3,4 e 5 – Teatro do Bairro (Lisboa)
15 e 16 – Teatro das Figuras (Faro)
18 – Cine-Teatro de São Brás de Alportel (São Brás de Alportel)
23 – Cento Cultural Olga Cadaval (Sintra)