top of page

Nas Asas da Poesia - Silenciado


No princípio eras vazio

Nem tinhas oxigénio

Eras tipo Ricardo Rio

Disseminavas o tédio

Dei-te parte da atmosfera

Até te deixei criar porcos

Dei-te a rosa com pantera

Dei-te pensamentos tortos

A meio tornas-te peça

De fruta num teatro

Ofereci-te até o Leça

Onde nem sobrevive o rato

Ficaste frágil com alergias

Do pólen de rosmaninho

Mas o mel tu já comias

Na igreja ora o vinho

O teu meio destruíste

Em serras de mobília

Nem a guerra aboliste

Nem a seda da Sicília

Da mesquita diamantes

De sangue do teu óleo

E por mais que cantes

Agora só resta o ódio

Quando me plantas é mal

E podas-me com desprezo

És macaco tal e qual

Eu daqui não saio ileso

Da mentira partes ramos

Na terra onde te criei

Sozinhas não dançamos

Nem há feudos nem há rei

Estou podre na calçada

Diz-me o Senhor Altino

Não havia mais nada

A fazer com este fino

Bebi-o até morrer

Ao lado do jardim

Onde me viram crescer

Silenciado no fim

Paulo D. de Sousa


P.S: O Mês da Poesia é um desafio interactivo promovido pelo Opina com o objectivo de dar espaço aos nossos leitores para partilharem os seus escritos poéticos. O Mês da Poesia será realizado regularmente de 2 em 2 meses subordinado a uma temática apresentada no último Domingo do mês anterior. O tema do mês de Fevereiro é: Amizade. Enviem-nos os vossos poemas por mensagem privada na página de Facebook do Opina ou por comentário aqui no blog. No caso de haver uma enxurrada de poemas, faremos uma pré-selecção e os poemas seleccionados serão publicados, como de costume, aos Domingos. Boas leituras!

Outras sugestões:
bottom of page