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Acidentes na Mexilhoeira Grande

Sabe bem quem vive neste nosso belíssimo rectângulo à beira mar plantado que, chegando ano de eleição, não há problema sem solução, pelo menos até Outubro. Depois, toca de ir fazendo e acumulando problemas para que um destes dias não vá, assim de repente, haver falta e a malta pensar que está a viver num país desenvolvido. Não se metam nisso.


Quem tem a felicidade de residir no Algarve, terra fantástica de sol e de mar, tem bem presente na memória o ano tormentoso que passou ao tentar circular na estrada nacional 125 (doravante EN 125), que esteve em obras (boa parte dos seus 150 km em simultâneo), desde o Outono de 2016 até Julho de 2017, tendo nalguns troços, ficado a obra incompleta, possivelmente para acabar daqui a 4 anos, e/ou mal acabada, colocando em risco os utentes da via que, nesta altura, ultrapassam só o milhão de pessoas.


Ainda que a infraestrutura no sector do transporte aéreo tenha melhorado imenso no Algarve, com o mote “Em cada rotunda, um heliporto”, algumas destas representam, devido a deficiências na sua construção, uma fonte de perigo para os utilizadores da EN 125 e dos moradores locais.


Um desses casos é a rotunda da Mexilhoeira Grande, Portimão, em plena EN 125. Esta rotunda, há muito esperada para substituir um cruzamento desnivelado, que oferecia poucas condições de segurança para peões e condutores, e que tinha propensão para criar longas filas veio, resolver alguns dos problemas e agravar outros.



A referida rotunda foi feita à pressa. À falta de tempo entre Outubro e Junho, foi feita em dois dias e duas noites (sujeitando os moradores ao barulho durantes as noites) já em pleno verão, entupindo a entrada da vila e condicionado o trânsito, que não é parco, entre Portimão e Lagos.


Uma vez feita, de tão bem iluminada e assinalada, logo na primeira noite dois acidentes ali se deram, galgando os carros a rotunda e atascando-se no terreiro que é o seu centro. Ao fim de 3-4 dias, mais de meia dúzia tinham tido o mesmo destino, derrubando inclusive a não iluminada sinalética da rotunda.


Seguiu-se uma intervenção de reparação da estrutura (o bordo da rotunda ficou danificado) e substituição da sinalética, desta feita, com pequenas luzes intermitentes que assinalavam, à distância, a presença de um obstáculo.


Durante os poucos dias e noites em que esta sinalização esteve no local, deixaram de haver travagens bruscas, derrapagens, acidentes e destruição de infraestrutura mas, por algum factor alheio à compreensão dos comuns mortais os sinais voltaram a ser substituídos por outros, sem iluminação, iguais aos primeiros, mas mais altos. Esta nova sinalética acabou por agravar a situação por não ter iluminação e estar posicionada a uma altura tal que não reflecte a luz dos faróis, o que só permite que sejam vistos quando se está em cima da rotunda.


Escusado será dizer que os acidentes regressaram e alguns dos novos sinais estão, de novo, derrubados pelo infortúnio de alguém.


Esperamos que não seja preciso alguém perder a vida num acidente trágico, para que o problema seja corrigido (moda muito em voga entre autarcas e concessionários das estradas), para que iluminem a rotunda e para que demorem menos de 4 anos a corrigir a posição dos sinais, de modo a que quem conduz saiba que se está a aproximar de uma rotunda antes de estar a andar à roda.


Até que esse dia chegue, saibam os condutores que, de noite, circulem entre Odiáxere e a Penina, ao avistarem um buraco negro na estrada, é isso mesmo, abrandem que é uma rotunda.


Nuno Soares

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